sábado, fevereiro 01, 2003

João Luiz,
Sua exposição está tão impecável q nem vou continuar o assunto. Abro aqui o assunto política, em resposta a um xingamento do Bunny, q transcrevo abaixo, c/ uma ressalva: ele inclui no termo 'imprensa marrom' a Folha e o Estado, assim como a Veja e similares. Hmm.

Voltando um pouco no passado, você comentou a forma como a imprensa trata da eleição de Lula. Hoje vi dois textos interessantes relacionados ao assunto. O Élio Gaspari compara a cobertura da imprensa à Caras, sobretudo no que diz respeito ao "Fome Zero". As promessas de campanha são também comparadas ao que será realizado e muitas discrepâncias aparecem. Segundo, pela primeira vez na imprensa marrom, a Veja pública algo verdadeiro. Na entrevista com Luciana Helena esta declara, demonstrando um raciocínio lógico impecável, que ou é preciso mudar o que o PT vêm fazendo no governo, ou o PT "ludibriou" a população durante a campanha, criticando e acusando o governo anterior e depois fazendo praticamente o mesmo. Eu já havia percebido esse processo e o tinha expressado usando as mesmas palavras. A senadora está certa, mas só percebeu isso agora. Na verdade ela continua achando que as acusações estavam certas, mas que o PT que está no comando de repente deu uma guinada de 180 graus. Na minha versão o PT vinha sendo hipócrita. Queria mesmo ganhar a eleição e enrolou muita gente. Meteu o pau na política econômica e vai continuar a por a culpa no PSDB.

Não acho que os 8 anos de FHC foram o ideal, mas não é fácil colocar o Brasil numa trajetória de crescimento sustentado, especialmente diante de 5 fortes crises internacionais.


Aqui vai minha resposta, convidando vc a comentar tbm.

Antes de mais nada, lembro q não sou petista, não simpatizo c/ nenhum partido e tenho raiva de quem dá à política mais importância do q se dá a um mero stage manager. Dito isto, vamos lá.

Nem o PT foi hipócrita, nem a senadora impeca na lógica. A presidência petista completou apenas 1 mês de existência após mais de 99% de 1368 meses de presidentes olicarcas ou militares ou coisa q o valha. O PT, analisando a situação c/ muito mais clareza q seus críticos, sabe q não pode modificar tudo da noite pro dia e opta a princípio por manter as coisas dentro do q já está feito, e tentar melhorá-las aos poucos. Vê-se assim entre dois fogos: por um lado, encarnada sem muita carne na pessoa da senadora, a ala socialista radical do partido ingenuamente exige mudanças revolucionárias, querendo dar o mate c/ cheque de pastor; pelo outro lado, estão os empresários e outros conservadores, isto é, pessoas cujas duas principais características – a impaciência e a paranóia – os levam a sacrificar muitos peões p/ tentar jogadas drásticas q enfraquecem as posições táticas.

À esquerda, os socialistas radicais não têm medo de revolução e alegremente destroem o q está feito, já q nada lhes pertence; à direita, os empresários não têm escrúpulos e alegremente matam gente direta ou indiretamente, a curto ou a longo prazo, corrompem instituições e desagregam a coisa pública, já q/ tudo lhes pertence (ou, perhaps more importantly, pode vir a lhes pertencer).

O q o PT quer fazer é começar c/ um rotineiro peão-a-quatro-do-rei e cuidar p/ não perder nenhuma peça. Se algo tiver q ser sacrificado, q seja um gambito e não uma perda. A direita e seus simpatizantes, acostumados a lucros rápidos, obras drásticas e conspícuas, à custa de gente e instituições, certamente não vão gostar do governo petista, q pretende fazer as coisas devagar, decente e paulatinamente, c/ intenção de eventually melhorar as coisas p/ todos, um objetivo q a direita e seus penduricalhos professam cínica e half-heartedly há mais de 1300 meses no Brasil, c/ o resultado q/ aí está.

Se há algo de novo no Brasil, é o fato de q o Lula, c/ todos os seus defeitos, é um líder – um tipo de pessoa q centraliza e direciona e coloca tudo numa perspectiva clara e nova. Como eu já disse antes em outras ocasiões, líder não é quem sabe onde é: é aquele q sabe levar. O conselho q dou aos direitistas e seus mamadores: paciência e prozac. C/ Lula, tudo vai melhorar.

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